CRISTO E OS REVESES
DE NOSSA MEMÓRIA
INTRODUÇÃO:
Conta-se a
história de um casal que resolveu procurar um conselheiro familiar, pois estavam enfrentando uma crise conjugal. Após
alguns minutos de conversa, o conselheiro pediu que eles relatassem algum episódio
do seu dia a dia. A mulher, então, pois a relatar um fato:
“- Estávamos
conversando calmamente após o jantar quando vi algo correndo pela cozinha.
Assustei-me muito e gritei: Olha! É um
rato!!!! Faça alguma coisa.
- E então? Perguntou o conselheiro.
O que seu marido fez?
- Ele foi em direção ao lugar por
onde ele tinha passado e não encontrou nada.!
O esposo interrompe:
- Pastor, não havia passado nenhum
rato por ali. No máximo havia passado uma barata, nada mais.
- Não senhor! Foi um rato, quem
estava virada para frente era eu e não vc!
- Mas, querida, eu havia batido
veneno naquela semana!
- Acho que seu veneno não
funcionou...
- Como não!!! Era o melhor que
existia na época!!!
A confusão estava armada e ali no
consultório o casal passou a discutir. Querendo por fim naquela história
aparentemente tão banal, o pastor perguntou a quanto tempo o episódio havia
acontecido. Em uníssono, responderam:
- Há 20 anos atrás.
II- APLICAÇÕES:
- PERGUNTAS:
A)
Qual era o grande problema daquele casal? A MÁGOA. O
que há vinte anos atrás era apenas um desentendimento transformou-se em uma
bola de neve e estava a ponto de acabar
com aquele casal.
B)
MÁGOA...Onde ela cresce? Em nosso coração, em nossa
mente ela cria raízes e cresce e pode causar terríveis desastres.
C)
Nessa história a mágoa foi crescendo, foi alimentado
por anos na mente daquela mulher. Tornou-se a parte mais significativa da
Memória daquela mulher...pois passados vinte anos a mesma história era capaz de
reacender uma guerra.
D)
Nesta manhã quero falar não sobre mágoas mas sobre
nossa Memória. E o texto principal está em Fil. 3: 12 a 14.
2.
INTERPRETANDO O TEXTO BÍBLICO
A) Quero
destacar uma palavra especial deste texto, um verbo: ESQUECER
B) Paulo
diz que prossegue para o alvo, aliás ele avança e ali ele nos conta o segredo de sua corrida:
“Esquecendo-me das coisas que para trás fica...prossigo”
C) Paulo
está dizendo que na vida cristã está fundamentada em esquecimento. O mesmo
apóstolo em uma segunda carta diz: II Pedro 3: 1 e 2.
D) Deste
texto destaco as frases: “ procuro despertar com lembranças a vossa mente
esclarecida...”
[...] para que vos recordeis das
palavras que, anteriormente, foram ditas”
E) Agora
o autor destaca a necessidade de lembrar algumas coisas.
F) Lembrar
e esquecer formam um par, o par da Memória, assim como o Sol e a Lua são fundamentais para
pensar as horas do dia ou o pólo positivo atraindo o pólo negativo, se
pensarmos em eletricidade.
G) Lembrar
e esquecer são partes fundamentais de nossa vida diária, e o gerenciamento
destas atividades podem trazer ou não mais qualidade ao nosso relacionamento
com Cristo. Sabedor disso, o inimigo tem procurado perverter nossa capacidade
de lembrar e de esquecer.
Nos dias atuais, a memória humana
tornou-se a mais falha de todos os instrumentos. Esquecer é a atividade que
mais realizamos. Entretanto, aquilo que realmente necessita ser jogado às
traças do esquecimento, não o fazemos, e acabamos acumulando muito lixo em
nossas mentes. Daí não nos surpreendermos ao ver Satanás utilizar de nossas
recordações para nos desviar a mente de Cristo. Por isso que é nos dito que
““Uma das maiores tentações de Satanás é o pecado da recordação.”
3. Mania
de lembranças: desejo de Memórias
A) Você já observou como as pessoas não querem ser
esquecidas? Eu diria mesmo que há uma mania por lembrancinhas? É uma
lembrancinha pelo nascimento de uma criança, aniversário de quinze anos, depois
do casamento e por fim no funeral dessa pessoa. Há um desejo tão grande de
perpetuar a memória dessa pessoa que chegam a construir imensos mazoléus. Mania
de lembranças é desejo de memória.
B) Eu tenho uma fascinação especial por antiguidades, por
guardar recordações. Acho que as meninas devem entender um pouco disso e
provavelmente os rapazes também. Quem nunca teve um caderno de recordações? Ou
uma caixinha onde guardamos nossas lembrancinhas, Feliz-sábados, cartas de
amor, cartões de aniversário, ou quem sabe um palito de picolé de uma ocasião
especial? Recentemente acrescentei à minha caixinha ( que atualmente é uma
sacola) uma caneta que esqueci de entregar ao dono. E como o dono era muito
especial acabei guardando. O dono da ilustre caneta é uma professora da USP que
veio fazer perguntas sobre um trabalho que apresentei a Universidade Federal de
Goiás. Está lá, guardadinha, aguardando o momento de ser entregue. Cada vez que
olho para ela, me remeto àquele momento tão esperado. O mesmo sinto quanto pego
um cartão, uma carta ou simplesmente um papel de bombom. Cada objeto guardado
tem o poder de levar no tempo, me fazer reviver emoções, sentimentos e idéias.
Aquele caixinha, guarda a minha história.
Só que a minha caixinha, não guarda toda a história. Tem
cartas que foram rasgadas, queimadas, fotos que foram destruídas, papéis que
foram arrancados, pois não traziam boas recordações. De tempos em tempos, eu
reviro aquela caixa e jogo muita coisa fora ou acrescento. São as minhas
memórias: aquilo que quero lembrar e aquilo que quero esquecer.
B) O próprio povo Hebreu no passado foi instruído a
construir memoriais. Josué, depois de atravessar o Jordão, foi ordenado para
que eregisse um memorial com doze pedras, para que o povo se lembrasse daquele
feito. A instituição da Santa Ceia: Vcs se recordam de como o texto se inicia:
“Fazei isso em memória de mim”, diz Cristo.
C) O próprio sábado é uma instituição de Memória por
excelência. O próprio mandamento começa com a nossa palavra mágica: “ Lembra-te
do dia do sábado para o santificares”.
D) Paradoxalmente, vivemos em um tempo que tende a destruir
as lembranças, pois vivemos em uma era global, de extrema rapidez,
especialmente nas comunicações. É isso dificulta a nossa capacidade de lembrar.
Acaba que apenas lembramos aquilo que 24 horas está martelando em nossa mente e
por isso é que a mente é nosso campo de Batalha. Os meios de comunicação, os
jornais, as músicas, os vídeos e tudo o mais disputam anciosamente nossa mente,
querem plantar algo ali, para que quando precisarmos de lembrar algo, possamos
apenas recordar o que querem que recordemos e não aquilo que realmente faz
sentido, tem valor, que leva à vida eterna.
E) Sabe aquela história: Quando lembramos, lembramos mal...
F) É nesse tempo de rapidez, de memórias tão curtas e
fluidas, que nossa mente se transforma em um campo de batalha. Na realidade, é
como se a nossa mente fosse uma praça, onde alguns governantes desejam colocar
um memorial, um monumento, uma estátua, um grande arranjo arquitetônico. E por
que tudo isso? Primeiro, porque monumento é símbolo de algo, um símbolo
plantado em nossa mente mostra o que pensamos, acreditamos, sonhamos, idealizando,
enfim a quem servimos. Em segundo lugar, porque nos tornamos ponto de
referência para outros, afinal um monumento quer lembrar algo para alguém. E
porque a nossa mente é um campo de batalha, que Paulo exorta:
“ Não vos conformei com este século, transformai-vos, pela
renovação da vossa mente.” Rom. 12: 2.
“Esquecendo-me das coisas que para trás fica...prossigo para
o alvo.”
4. O que precisa realmente ser lembrado e ser esquecido
A) Lembrar todos os dias:
1. Recordações:
1.1 Toda a vida cristã,
princípio, meio e fim está baseada em esquecimentos:
1.1.1 O primeiro esquecimento vem
da parte de Deus:
* Nossa relação com Deus só é possível graças à
Sua maravilhosa capacidade de esquecimento. Tal capacidade está fundamentado em
seu amor abnegado, princípio de seu caráter.
* Mas esquecer, mesmo para Deus,
não é tarefa fácil de forma alguma. O esquecimento de nossos pecados, custou a
vida de um inocente: custou a vida de nosso Senhor Jesus Cristo.
* Deus não se esquece para depois
lembrar, o esquecimento de Deus, significa apagar definitivo da memória.
Deletar, sem chances de resgate em qualquer outra parte. E mais ainda,
significa RENOVAÇÃO.
“Eis que lançarei os vossos
pecados na profundezas do mar, e deles jamais me lembrarei.”
- Não é propósito de Deus, lembrar-se de nossos pecados. Quem faz isso é o inimigo. Esse é seu papel e quando damos lugar em nossa mente para nos lembrarmos de nossas próprias faltas, então estamos voltando ao passado.
- Lembrar todos os dias de cada benção recebida, se possível anotá-las em uma caderno de bênçãos.
B) ESQUECER
TODOS OS DIAS
- Os meus próprios pecados,
aqueles confessados, amargamente arrependidos, lavados por Cristo, pois Jesus
deles não se recorda, pois estão nas profundezas do mar.
- Os pecados dos meus irmãos,
pois eles igualmente estão nas profundezas do mar e não tenho o direito de
revisitá-los.
- Se Deus não se lembra de nossos pecados, por que não esquecemos os nossos e de nossos irmãos. Isso sim atrasa a nossa vida. Não conseguimos ver o futuro, que é o nosso ideal de vida, porque o nosso presente está acorrentado, ao passado, ou nosso ou de nossos irmãos.
- Se vivêssemos mais a realidade da renovação das vidas que Jesus proporciona as pessoas, teríamos menos preconceitos, viveríamos menos em intriga e teríamos mais chances de ver a atuação do poder transformador de Deus. Esse milagre maravilhoso, dia a dia, nos passa desapercebido pois, é muito alto o som de nossas críticas e dúvidas.
- Um bom presente a ofertar a Deus é a nossa disposição para esquecer. Isso não é tarefa fácil, pois no esforço de esquecer, estamos sempre lembrando. Contamos, entretanto, com um ajudador para esses momentos tão delicado, Cristo Jesus, que promete renovar nossas mentes, portanto, transformar nossa memória. Há coisas que podemos fazer para colaborar nesse processo. O primeiro passo é refletir porque precisamos esquecer, perdoar e para isso o primeiro exercício é pensar em Cristo, refletir demoradamente sobre sua cruz. Em seguida, você pode tomar algumas atitudes: Arrazoar sobre as causas possíveis que levaram uma pessoa a agir desta ou daquela forma. Colocar-se no lugar daquela pessoa e quem sabe conversar francamente com a pessoa que nos causou o agravo que tanto nos incomoda. Tudo sempre com espírito de oração, procurando pensar em como Jesus agiria se estivesse aqui na Terra.
1.1.2 Esquecer, no contexto
bíblico está totalmente fundamentado no perdão de Cristo, e sem ele, é
impossível prosseguir rumo ao alvo.
2. Mas nem todas as recordações
são maléficas. Há aquelas que são saudáveis. Se vasculharmos nossas mentes, em
um esforço saudável, com certeza encontramos muitas lembranças, doces e
agradáveis que podem nos trazer muitos momentos de alegria e com certeza de
inspiração. Sem estar vivendo em função do passado, podemos encontrar em nossas
próprias histórias e na de outrem, inspiração, conselho e preciosas lições.
C) Alguém disse que as lembranças
são a presença de uma ausência. Pense em na foto de uma pessoa querida: Nos
momentos de saudade, a foto é a única presença que você tem de quem você ama.
Ela não te satisfaz totalmente, mas ela te remete a bons momentos.
Pense em que tipo de lembrança
que vc está preenchendo a cada dia? Pois daquilo que sua alma está se
alimentando diariamente diz respeito à saudade de que vc tem....se deste mundo,
no qual vc ainda vive, mas, corre o risco de não vivê-lo mais, ou do mundo por
vir, que esta sendo preparado.
4. CONCLUSÃO:
Como povo do Advento,
somos também convidados a viver o presente guiado pela certeza da direção de
Deus manifestado na condução do passado de seu povo e pela expectativa de um futuro, em que seremos governados por Ele.
Nosso presente é guiado pela direção de Deus no passado que nos garante a
certeza do amanhã. Essas devem ser as lembranças que devem ocupar os campos da
nossa memória: os exemplos deixados pela Bíblia, e a imaginação santificada
pela esperança da Segunda Vinda de Jesus, quando a nossa triste história
terrestre será apenas uma recordação a ser apagada, pelo próprio Jesus.
Apocalipse 21: 4.
Recordações de um passado tão
sofrido
Terei ao ver o mundo destruído
Coro
Ele enxugará as minhas lágrimas
Pois tudo aqui passou e não tornará...
Pois passou...
As recordações que me fazem chorar então se apagaram, pois Cristo as
limpará.
Recordações não terei na nova
Terra
Das condições mortais em que vivi
Não mais haverá pranto, morte, ou
pesar
Das dores não vou mais lembrar...
Coro
Viverei para sempre no céu.
Deste mundo não vou mais lembrar
Não vou mais lembrar....
Coro
Campos Belos 16 de julho de 2005
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