quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

AINDA RESTA ESPERANÇA

Quando li pela  primeira vez  este texto, eu era uma adolescente curiosa que descobria a sabedoria da Bíblia. Confesso que achei muito estranho e totalmente pessimista. O fato era que eu nunca tinha ido a velório nem se quer enterro. Nunca havia perdido alguém querido. Em minha casa, apesar de meu pai e minha mãe terem perdido seus pais muito novo e um deles de forma  muito trágica (assassinato), simplesmente não se falava deste assunto. Para se ter noção eu fui saber os nomes de meus avós falecidos, e que eu nunca conhecera, depois de adulta, por insistência de um senhor que não acreditava que eu não conhecia de verdade o  npme deles. Enfim meu meu mundo era uma perfeita bolha cor de rosa.
Na minha total falta de experiência, li um pequeno livro, escrito para o Dia de Finados, onde uma frase me acompanhou pelo resto de minha vida e me ajudou no dia em que tive que ir a enterros e enfrentar o luto. Aquele livro dizia: “A morte nunca vem de Deus. As pessoas se consolam em funerais dizendo: ‘Foi a vontade de Deus’ ‘Ele quis assim’. Não! Essa é a maior mentira que o inimigo pôde contar! Como um Deus, que é em essência amor e vida pode querer a morte? A morte é consequencia do pecado, do primeiro pecado cometido nesta terra e será eliminada quando Jesus voltar”.
Sempre guardei no meu coração uma certa ansiedade para saber como seria o dia que a bolha estourasse. Toda vez que eu pensava eu já enchia os olhos de lágrimas e pensava em outras coisas. Mas a preocupação estava ali guardada, silente. De fato, o dia chegou, e eu perdi minha única avó, com seu 84 anos. Não preciso dizer que aquele dia foi horrível. Eu nunca havia respirado  tanta tristeza, desespero, lamentação junto. Simplesmente era insuportável ficar naquela casa com tanta gente chorando, onde simplesmente não havia mais esperança. No meu nervosismo e turbilhões de emoções tomei duas decisões, que não foram precipitadas e que demonstram como eu pretendo encarar a morte e o luto. Disse a minha mãe: “Se tiver que me enterrar primeiro mãe, quero que demore apenas o suficiente para que cheguem aqueles que quiserem despedir-se. Faça um culto rápido e me enterre! Não quero choro prolongado, nem lamentação, nem nada! Me enterra logo!”. A outra escolha que fiz considerei na ocasião corajosa, mas que também demonstra o que penso sobre a morte. Enquanto todos se reuniam para chorar, escolhi acompanhar meu tio ao cemitério, onde prepararíamos o local onde minha avó seria enterrada, pois era se desejo ser colocada no mesmo local que seu filho Mário. Eu também não o conheci. Enquanto reuníamos seus restos mortais, com peças incrivelmente conservadas, eu olhava para o céu e só pensava na volta de Jesus, em sua promessa de trazer à vida os mortos em Cristo. Só conseguia imaginar túmulos se abrindo, anjos voando de um lado para o outro reunindo famílias separadas por tanto tempo por este vilão: a morte. Nesta hora eu não quis saber de religião A ou B, no céu não haverá denominações (Ufa! Ainda bem!) eu só pensei em Jesus como  justo juíz. Eu precisava de esperança. Separar-se de alguém já é dolorido demais, mas confiar na promessa de poder encontrá-la novamente é reconfortante, é uma esperança que movimenta um dia após o outro. Eu pensava em meu tio, na dor que minha vó enfrentou para enterre-lo, no sofrimento que foi para a viúva cuidar dos filhos sozinha, mas eu tinha paz pois lembrava-me das palavras de Jesus: “Lázaro dorme, e ressuscitará no último dia”. Não me lembro se voltei ao cemitério com minha família para enterrar minha vó. Apenas me recordo da paz que senti em imaginar o cumprimento da promessa naquele cenário tão carregado de tristeza. Ainda havia esperança.

O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.
Eclesiastes 7:4