Assim que
este seriado foi lançado na TV tive muita curiosidade de assistir. Entretanto
por uma razão ou outra nunca pude ver mais do que fleches sobre o programa. De
qualquer forma gostei do título e ao meditar sobre dois personagens da bíblia
achei título sintetizava as conclusões que tirei de Lucas capítulo 10 versos
38-42.
É
interessante como o médico Lucas, ao seguir a inspiração do Santo
Espírito, tenha dedicado parte de seu
trabalho de registrar as lições do Mestre para relatar histórias destas duas
mulheres. Na realidade, hoje eu entendo porque e vejo como Jesus se preocupou
comigo.
Marta
e Maria eram duas irmãs que nasceram e viveram na cidade de Betânia. E como
duas boas irmãs (não sei como é ter mais que uma rsrsr) eram diametralmente
opostos, especialmente quanto ao seus comportamentos.
A
Bíblia revela pouco sobre Marta, mas o que deixou registrado, mostra que se
tratava de uma mulher bem ansiosa e preocupada. Geralmente vemos,
principalmente em nossa cultura, a ansiedade e a preocupação quase como o
defeito do perfeccionismo, e como hoje, sabemos que a causa de muitas doenças,
então já julgamos a pobre Marta e lhe damos esse rótulo. Mas agora fico me
perguntando, o que seria de nós se não houvessem mulheres assim? Afinal de
contas grandes eventos ou até mesmo pequenas comemorações não se concretizam se
não houver longos e detalhados planejamentos e geralmente toda a prévia de uma
atividade costuma gerar stress e ansiedade. Até aqui, penso que tudo normal.
Mas o problema de Maria ia um pouco mais além, transpassando uma linha tão
tênue que ela mesma não percebeu. Mas o Mestre, por amor a ela, precisou corrigir
lhe.
Max
Lucado observou nos comentários da Bíblia que leva seu nome, que o inimigo de
nossas almas, tratou de afastar Marta de Jesus, ali mesmo na cozinha, enquanto
ela servia o Mestre. Disso tiramos logo uma lição imediata e tão importante: é
possível nos perdemos de Cristo estando dentro da própria igreja, trabalhando
arduamente pelo Reino dos Céus!!! Uau!! Como isso pode ser tão complexo! Hoje
vejo o quanto Jesus preocupava-se com este tema que nos deixou a parábola da
dracma perdida. E ao pensar nos fariseus, com toda sua intelectualidade,
servindo no templo. Eles também não atravessavam a mesma experiência de Marta?
Marta,
como toda boa preocupada, ocupava com tudo a todo o momento e como não
conseguia administrar tudo que pensava ser sua obrigação, passava a mandar em
tudo e em todo. Fico admirada quando Lucas registra este fato, Marta mandando
em Jesus: “Senhor não lhe parece injusto que minha irmã fique só sentada aqui,
enquanto eu faço todo o trabalho? Diga-lhe que venha me ajudar” (Lucas 10: 40,
BV). Será que quando oro e me disponho a fazer algo para Deus e as coisas não
ocorrem do meu jeito, e me irrito e insisto em algo, também não estou agindo
como Marta?
Na
realidade, penso que é fácil ser como Marta, mesmo que o preço a ser pago seja
alto. Boa cristã, comprometida, trabalhadora, admirada pelos outros e sempre
convocada pelos membros da Igreja. Essa era Marta. Até aqui nenhum problema.
Até aqui todos os problemas: Marta perdeu o foco: deixou de olhar para Jesus,
fez dele uma pessoa importante, mas não sua prioridade. Marta deixou a Jesus
quando Ele estava dentro de sua casa, quando ela própria servia-lhe o jantar,
colocava-lhe os pratos, seu copo d’água, seu pão de cevada. Ficou tão
deslumbrada com o ilustre visitante que não se assentou à mesa para dar-lhe.
Fácil
é ser Marta. Difícil é ser Maria. Quem era a outra irmã?
Maria
era uma menina do interior, assim como sua irmã. Betânia não passava de uma
aldeia que ficava a seis quilômetros de Jerusalém e do monte das Oliveiras.
Assim como seus outros irmãos, era solteira. Ela, particularmente, tinha um forte motivo para
não ter se casado. Violentada por seu tio Simão, desonrada, abandonou sua casa,
indo morar em Magdala, uma outra vila da Galiléia. Ali afundou mais vendendo
seu corpo como prostituta.
Na
cultura judaica era permitido ao homem que tivesse várias mulheres e ainda relacionar-se com
prostitutas livremente. Vale ressaltar que Deus nunca aprovou este costume.
Ser Maria, naquela
época, significava ter uma história pessoal pública. Era estar
na boca do povo diariamente e ouvir: Ali vai a Maria de Magdala, aquela que fez
isso e ainda aquilo outro.
Ser Maria era ser reconhecida pelo seu lugar de origem e
pela história de sua queda. Era levantar-se todo dia deparar-se com seu pecado
e quando estava quase o esquecendo, alguém o lembrava.
Ser Maria era conviver
com um enorme rótulo: PECADORA. Por isso digo que não é fácil ser Maria.
Mas não era essa a
Maria que Jesus desejava por isso aquele encontro mudou radicalmente sua vida.
Maria foi aquela
que ungiu o Salvador. Muitos teólogos deduzem que o perfume que Maria despejou sobre
Cristo era caríssimo e que fora comprado com dinheiro de prostituição.
Jesus sabia que era
importante Maria abandonar sua vida de pecado, sair da prostituição e tudo o mais que a sociedade julgava correto e moral.
Mas Jesus sabia o que era PRIORIDADE. Prioridade nesse caso era Maria ter um
encontro pessoal com Cristo, derramar-se em lágrimas de dor e arrependimento
junto ao Salvador. Prioridade era louvar o Salvador e honrá-lo com o presente
que comprara mesmo que de forma ilícita.
Jesus sabia que se Maria tivesse o que era PRIORIDADE
, logo o importante iria se realizar. Foi
quando a irmã de Marta e Lázaro estava
lambuzada em seu pecado, mergulhada nas trevas de sucessivos erros e mais erros que ela teve o encontro que
mudou sua vida.
Veja o que a
escritora norte-americana, Ellen White disse a seu respeito:
“Aquela
que caíra e cuja mente fora habitação de demônios, chegara bem perto do Salvador em associação e serviço.
Foi Maria que se assentou aos pés de Jesus e dEle aprendeu. Foi ela que Lhe
derramou na cabeça o precioso ungüento, e banhou os Seus pés com as próprias
lágrimas. Achou-se aos pés da cruz e O seguiu ao sepulcro. Foi a primeira junto
ao sepulcro, depois da ressurreição. A primeira a proclamar o Salvador
ressuscitado.” (O Desejado de Todas as Nações, 568)
Se Marta,
com todos os seus caprichos e preocupações julgou ter alcançado o Salvador, muito mais fez Maria, tanto em
associação quanto em serviço. Quando Cristo ressuscitou, apareceu primeiro a ela.
Seu exemplo corre em todo o mundo e hoje vemos a graça bater a nossa porta por
meio de sua experiência.
Precisamos ser como Maria. Não ter vergonha de
nossas origens e de nossa história: Nosso Salvador nós dá todos os dias uma
nova história com Ele e nos coloca um título do qual não se envergonha: “Nova
Criatura, filhinha e filhinho do Pai do Céu, meu irmão e meu amigo, intocável”.
Ter um dia
de Maria é assentar-se aos pés de Jesus
com a intimidade que nem temos como os nossos melhores amigos e irmãos.
Ser como
Maria é cair, como ela sete vezes foi atribulada por demônios, mas foi
levantada por seu Salvador.
Ser como
Maria é depender de Jesus todos os dias.
Ser como
Maria é ter a certeza que mesmo que a dor, a doença, o sofrimento e até mesmo a
morte bata a nossa porta, teremos o
melhor no futuro. Ao acordamos teremos a melhor visão: Cristo voltando em glória e majestade.
Marta
representa a salvação pelas obras, enquanto que Maria a salvação pela graça.
Todo dia é dia de Maria, pois todo dia é tempo de aceitar o presente da Graça
maravilhosa de Jesus. Pode ser que num desses dias de Maria eu e você venhamos
a cair ou até mesmo ter um dia de Marta, mas ao final podemos fazer como Maria:
sentar-se aos pés do Salvador, banhar-lhe os pés com nossas lágrimas e sair
deste encontro pessoal, com a certeza de que a salvação nos visitou e nos deu uma nova oportunidade.
Até que
Jesus venha todo dia será Dia de Maria.