sábado, 26 de maio de 2012

HOJE É DIA DE MARIA







 

 








                Assim que este seriado foi lançado na TV tive muita curiosidade de assistir. Entretanto por uma razão ou outra nunca pude ver mais do que fleches sobre o programa. De qualquer forma gostei do título e ao meditar sobre dois personagens da bíblia achei título sintetizava as conclusões que tirei de Lucas capítulo 10 versos 38-42.
                É interessante como o médico Lucas, ao seguir a inspiração do Santo Espírito,  tenha dedicado parte de seu trabalho de registrar as lições do Mestre para relatar histórias destas duas mulheres. Na realidade, hoje eu entendo porque e vejo como Jesus se preocupou comigo.
                Marta e Maria eram duas irmãs que nasceram e viveram na cidade de Betânia. E como duas boas irmãs (não sei como é ter mais que uma rsrsr) eram diametralmente opostos, especialmente quanto ao seus comportamentos.
                A Bíblia revela pouco sobre Marta, mas o que deixou registrado, mostra que se tratava de uma mulher bem ansiosa e preocupada. Geralmente vemos, principalmente em nossa cultura, a ansiedade e a preocupação quase como o defeito do perfeccionismo, e como hoje, sabemos que a causa de muitas doenças, então já julgamos a pobre Marta e lhe damos esse rótulo. Mas agora fico me perguntando, o que seria de nós se não houvessem mulheres assim? Afinal de contas grandes eventos ou até mesmo pequenas comemorações não se concretizam se não houver longos e detalhados planejamentos e geralmente toda a prévia de uma atividade costuma gerar stress e ansiedade. Até aqui, penso que tudo normal. Mas o problema de Maria ia um pouco mais além, transpassando uma linha tão tênue que ela mesma não percebeu. Mas o Mestre, por amor a ela, precisou corrigir lhe.
                Max Lucado observou nos comentários da Bíblia que leva seu nome, que o inimigo de nossas almas, tratou de afastar Marta de Jesus, ali mesmo na cozinha, enquanto ela servia o Mestre. Disso tiramos logo uma lição imediata e tão importante: é possível nos perdemos de Cristo estando dentro da própria igreja, trabalhando arduamente pelo Reino dos Céus!!! Uau!! Como isso pode ser tão complexo! Hoje vejo o quanto Jesus preocupava-se com este tema que nos deixou a parábola da dracma perdida. E ao pensar nos fariseus, com toda sua intelectualidade, servindo no templo. Eles também não atravessavam a mesma experiência  de Marta?
                Marta, como toda boa preocupada, ocupava com tudo a todo o momento e como não conseguia administrar tudo que pensava ser sua obrigação, passava a mandar em tudo e em todo. Fico admirada quando Lucas registra este fato, Marta mandando em Jesus: “Senhor não lhe parece injusto que minha irmã fique só sentada aqui, enquanto eu faço todo o trabalho? Diga-lhe que venha me ajudar” (Lucas 10: 40, BV). Será que quando oro e me disponho a fazer algo para Deus e as coisas não ocorrem do meu jeito, e me irrito e insisto em algo, também não estou agindo como Marta?
                Na realidade, penso que é fácil ser como Marta, mesmo que o preço a ser pago seja alto. Boa cristã, comprometida, trabalhadora, admirada pelos outros e sempre convocada pelos membros da Igreja. Essa era Marta. Até aqui nenhum problema. Até aqui todos os problemas: Marta perdeu o foco: deixou de olhar para Jesus, fez dele uma pessoa importante, mas não sua prioridade. Marta deixou a Jesus quando Ele estava dentro de sua casa, quando ela própria servia-lhe o jantar, colocava-lhe os pratos, seu copo d’água, seu pão de cevada. Ficou tão deslumbrada com o ilustre visitante que não se assentou à mesa para dar-lhe.
                Fácil é ser Marta. Difícil é ser Maria. Quem era a outra irmã?
                Maria era uma menina do interior, assim como sua irmã. Betânia não passava de uma aldeia que ficava a seis quilômetros de Jerusalém e do monte das Oliveiras. Assim como seus outros irmãos, era solteira. Ela, particularmente, tinha um forte motivo para não ter se casado. Violentada por seu tio Simão, desonrada, abandonou sua casa, indo morar em Magdala, uma outra vila da Galiléia. Ali afundou mais vendendo seu corpo como prostituta.
                Na cultura judaica era permitido ao homem que tivesse várias mulheres e ainda relacionar-se com prostitutas livremente. Vale ressaltar que Deus nunca aprovou este costume.
Ser Maria, naquela época,  significava  ter uma história pessoal pública. Era estar na boca do povo diariamente e ouvir: Ali vai a Maria de Magdala, aquela que fez isso e ainda aquilo outro.
Ser Maria era  ser reconhecida pelo seu lugar de origem e pela história de sua queda. Era levantar-se todo dia deparar-se com seu pecado e quando estava quase o esquecendo, alguém o lembrava.
Ser Maria era conviver com um enorme rótulo: PECADORA. Por isso digo que  não é fácil ser Maria.
Mas não era essa a Maria que Jesus desejava por isso aquele encontro mudou radicalmente sua vida.
Maria foi aquela que ungiu o Salvador. Muitos teólogos  deduzem que o perfume que Maria despejou sobre Cristo era caríssimo e que fora comprado com dinheiro de prostituição.
Jesus sabia que era importante Maria abandonar sua vida de pecado, sair da prostituição e tudo o  mais que a sociedade julgava correto e moral. Mas Jesus sabia o que era PRIORIDADE. Prioridade nesse caso era Maria ter um encontro pessoal com Cristo, derramar-se em lágrimas de dor e arrependimento junto ao Salvador. Prioridade era louvar o Salvador e honrá-lo com o presente que comprara mesmo que de forma ilícita.
 Jesus sabia que se Maria tivesse o que era PRIORIDADE , logo o  importante iria se realizar. Foi quando a irmã  de Marta e Lázaro estava lambuzada em seu pecado, mergulhada nas trevas de sucessivos  erros e mais erros que ela teve o encontro que mudou sua vida.
Veja o que a escritora norte-americana, Ellen White disse a seu respeito:
“Aquela que caíra e cuja mente fora habitação de demônios, chegara bem perto do Salvador em associação e serviço. Foi Maria que se assentou aos pés de Jesus e dEle aprendeu. Foi ela que Lhe derramou na cabeça o precioso ungüento, e banhou os Seus pés com as próprias lágrimas. Achou-se aos pés da cruz e O seguiu ao sepulcro. Foi a primeira junto ao sepulcro, depois da ressurreição. A primeira a proclamar o Salvador ressuscitado.” (O Desejado de Todas as Nações, 568)
Se Marta, com todos os seus caprichos e preocupações julgou ter alcançado  o Salvador, muito mais fez Maria, tanto em associação quanto em serviço. Quando Cristo ressuscitou, apareceu primeiro a ela. Seu exemplo corre em todo o mundo e hoje vemos a graça bater a nossa porta por meio de sua experiência.
 Precisamos ser como Maria. Não ter vergonha de nossas origens e de nossa história: Nosso Salvador nós dá todos os dias uma nova história com Ele e nos coloca um título do qual não se envergonha: “Nova Criatura, filhinha e filhinho do Pai do Céu, meu irmão e meu amigo, intocável”.
Ter um dia de Maria é assentar-se aos pés de Jesus  com a intimidade que nem temos como os nossos melhores amigos e irmãos.
Ser como Maria é cair, como ela sete vezes foi atribulada por demônios, mas foi levantada por seu Salvador.
Ser como Maria é depender de Jesus todos os dias.
Ser como Maria é ter a certeza que mesmo que a dor, a doença, o sofrimento e até mesmo a morte bata  a nossa porta, teremos o melhor no futuro. Ao acordamos teremos a melhor visão: Cristo voltando em  glória e majestade.
Marta representa a salvação pelas obras, enquanto que Maria a salvação pela graça. Todo dia é dia de Maria, pois todo dia é tempo de aceitar o presente da Graça maravilhosa de Jesus. Pode ser que num desses dias de Maria eu e você venhamos a cair ou até mesmo ter um dia de Marta, mas ao final podemos fazer como Maria: sentar-se aos pés do Salvador, banhar-lhe os pés com nossas lágrimas e sair deste encontro pessoal, com a certeza de que a salvação nos visitou  e nos deu uma nova oportunidade.
Até que Jesus venha todo dia será Dia de Maria.